Era uma vez, em um reino de quimera, onde uma pré-anciã chamada Broscia acreditava que era a soberana, tentando se sobressair à rainha de Kiddah. Broscia era uma arrogante sonhadora, que não tinha limites nas suas ações. Em seu “castelo” imaginário, ela fazia questão de realizar semanalmente, longos e cansativos pronunciamentos.
Broscia costumava usar roupas feitas pelas melhores costureiras do “reino”, geralmente na cor rosa, porque ela acreditava que seus sonhos eram “mensagens” de Maya (deusa da ilusão), e que as ordens emanadas durante os sonhos deveriam ser colocadas em prática. Foi durante um desses devaneios que Broscia entendeu que deveria andar sempre bem arrumada e extravagante, inclusive para dormir, e assim se fazer cumprir o que ordenava Maya.
De manhã, logo após acordar, antes mesmo de seu desjejum, Broscia, reunia seus empregados e dava as ordens do dia, que seduzidos pela voz aveludada, faziam tudo que eram demandados. Broscia era filha da bruxa Pitica, uma anciã centenária muito conhecida no reino por fazer magias mirabolantes para os nobres daquele lugar. Já o pai de Broscia desapareceu quando ela ainda era uma jovem e nunca mais deu notícias. Conta-se pelas redondezas que ele saiu para ir a taberna se divertir e gostou tanto que nunca mais voltou. Esse fato contribuiu para que Broscia se tornasse uma mulher amarga e solitária, que jamais podia ser contrariada, talvez por isso, tivesse um “conselheiro” que circulava no meio do povo disfarçado de mulher, ouvindo quem falava mal da “Rainha Broscia”, sempre se “gabando” dos frágeis feitos que ele conseguia realizar.
Por viajar muito pelo “reino”, esse “conselheiro” fazia seus relatórios e os enviava semanalmente com todas as informações para a “soberana”, que decidia posteriormente o que iria fazer com as noticias.
Broscia demonstrava um interesse muito grande pelos animais do reino, tais como leões, tigres e leopardos, porém era evidente uma preferência por cachorros, tinha os mais adestrados perto dela, e exigia que os moradores do reino tratassem melhor os animais do que os próprios filhos. Inclusive, as notícias que o “conselheiro” coletava pelo interior do “reino”, eram sempre remetidas à “rainha” através de um cachorro feroz e traiçoeiro, que levava um pergaminho amarrado à coleira.
O Cachorro era conhecido por todos os vilarejos, ninguém podia mexer com o animal, pois além de não poder ser aborrecido, o mesmo latia excessivamente, fazendo barulho por horas, tirando a paciência de muitos súditos.
Broscia mentia tanto, que às vezes acreditava nas próprias mentiras e isso fez que, com o passar do tempo, tudo que ela foi criando em seu mundo de ilusão desmoronasse. Suas calúnias e fantasias foram descobertas pelos súditos e após alguns anos de “bagunça e balbúrdia” o povo se revoltou e mandou a “rainha” com todas as suas roupas cor de rosa, seu “conselheiro” e seu cachorro, para a masmorra.
Dizem que Broscia surtou e que até hoje se acha “rainha”, e toda semana sobe em um banquinho de madeira e da janela de sua reclusão, faz um discurso que ela pensa estar sendo ouvido pelo povo, mas na verdade os únicos que ouvem, e aplaudem é o seu fiel “conselheiro” e o cachorro voraz, que foram mandados juntos com ela para a torre das mentiras.
Quem sabe se Broscia tivesse conhecido Gusnob De Saints, o final da história teria sido diferente, pois ele uma vez disse: “Não viva um personagem cheio de 'querer ser', viva você; porque se você viver uma 'quimera', um dia descobrirão quem você realmente era”.
Até a próxima!
Wantuyr Tartari