A Semana Santa não é apenas um período de reflexão para os cristãos, mas também de nostalgia, principalmente com a chegada da Páscoa. Recordo-me quando meu pai fazia um ninho de capim embaixo da cama dizendo que era para o coelho botar os ovos de chocolate durante a noite. Quando acordávamos a ansiedade já era grande para olharmos quantos ovos e qual o tamanho.
Naquela época ganhar ovos de páscoa era pura ostentação, além de ter o significado de ser o encerramento da Semana Santa, sendo o domingo o dia mais alegre.
Lembro que na Sexta-Feira da Paixão, minha avó Izabel dizia que não gostava de pentear os cabelos, pois isso era vaidade e o dia era de tristeza pela morte do Criador.
Mas costume mesmo, era a tradicional bacalhoada em família na Sexta-Feira. Podíamos até não nos reunir em outras datas, mas nessa todos da família estavam juntos. O ritual que não me esqueço, era do meu avô sentado a cabeceira da mesa, com sua caneca marrom de porcelana, aguardando minha avó servir as guloseimas e todos tomarem seus lugares para juntos realizarmos aquela importante refeição. Ao término ninguém podia levantar sem pedir a bênção a ele.
Outra tradição familiar da Sexta-Feira, era o silêncio quase que absoluto, não era permitido ouvir músicas, assistir televisão, cantar ou dar gargalhadas, era um dia de tristeza e reflexão. A normalidade só começava se restabelecer no sábado. Já no domingo era o dia de comemorar. Principalmente para as crianças que aguardavam os ovos de chocolate. Os mais esperados eram os dos tios que moravam em Campo Grande/MS, que sempre presenteavam com as melhores marcas e os maiores conteúdos. Quem diria que tudo isso fosse tão breve? As reuniões em família não acontecem mais, desde que a presença física de boa parte das personagens deixou de existir. Hoje os poucos que ficaram, aderiram a novos costumes, agora realizam o tradicional almoço em restaurantes.
Além disso as crianças cresceram, não esperam mais os ovos de chocolate no ninho, muito menos preparam esse momento lúdico para os novos descendentes. Episódios como esses se perderam no tempo, mas guardei-os no coração e na memória para afagar a minha saudade. A verdade é que, com ou sem chocolates e os hábitos que cultivávamos, a festa pascal continua nos levando a refletir sobre o período de renascimento e da esperança de uma humanidade melhor e mais justa.
Albert Einsten uma vez disse: “Algumas coisas são explicadas pela ciência, outras pela fé. A Páscoa é mais do que uma data, é mais do que ciência, é mais que fé, Páscoa é amor”.
Por fim, deixo a reflexão do que realmente importa nesta Semana Santa. Acredito nos recomeços e na energia que dedicamos às pessoas e a nós mesmos. Acredito em sentimentos como o amor e a gratidão que estão a todo momento prontos para ressuscitar dentro de nós para sermos melhores e contribuir com um mundo mais fraterno e harmônico.
Feliz Páscoa!
Até a próxima!
Wantuyr Tartari