As festas juninas, como o próprio nome demonstra, são comemorações realizadas no mês de junho e têm uma relação com três santos, sendo eles; Santo Antônio, em 13 de junho; São João Batista, dia 24; e São Pedro, dia 29. Em cada lugar do país, a mistura de aspectos culturais com religiosos resulta em festejos singulares.
Apesar de deter relação direta com o catolicismo, a procedência das festas juninas é pagã, mas como a religião não conseguia extinguir essa tradição, a Igreja Católica introduziu nelas o caráter religioso. Fez isso aproveitando os dias dos santos mais populares do mês de junho. Na ordem das comemorações, o primeiro a ser festejado é Santo Antônio (13). A data rememora o dia da sua morte. Na sequência o próximo a ser exaltado é São João (24), primo de Jesus. A data faz alusão ao dia do seu nascimento. Por último, mas não menos importante, é comemorado o dia de São Pedro (29), discípulo e o primeiro Papa da Igreja. O dia escolhido para a última comemoração do mês remete data da sua morte.
A tradição das comemorações é simbolizada por um forte marco das festas juninas, a fogueira. Podendo seu acendimento ser na véspera ou no dia de cada santo.
Uma característica marcante das festas juninas são as comidas típicas, com destaque para os pratos a base de milho, sendo esta uma relação com o tempo de colheita. Também estão presentes derivados do leite, batata e mandioca, que dão origem a pratos como canjica, bolo de fubá, bolo de milho, pipoca, batata doce assada e arroz doce. As quadrilhas, simpatias e brincadeiras como o pau de sebo, também marcam presença nessa festa folclórica.
Na Estância Turística de Presidente Epitácio/SP, o dia de São Pedro, padroeiro da cidade, deu origem a uma das festas típicas mais aguardas do ano, a chamada Festa do Padroeiro, também conhecida como Fogueirão de São Pedro. A festa foi criada em 1986 a partir de um bate papo de fim de tarde entre Neemézio Costa (Costinha) e Antônio Martins de Brito (Camisola), quando tiveram a ideia de fazer uma grande fogueira no dia 28 de junho e servir gratuitamente para a população, pipoca e quentão. A partir daí caiu no gosto popular e foi criando memórias afetivas na população.
Lembro com saudade de cada fogueira realizada na antiga rua Ponte Nova, hoje rua Sebastião Ferreira dos Santos. Os moradores da redondeza se empenhavam em fazer as fogueiras, era um verdadeiro espetáculo. Cada um partilhava com o outro os quitutes. Um fazia o quentão, outro a pipoca, o milho assado na brasa, o bolo de fubá e assim a rua virava um grande arraial. Minha avó Izabel, mesmo no auge dos seus quase noventa anos de idade, fazia questão de fazer uma fogueira em frente de casa, mesmo que singela. Ela cortava a madeira dando leves machadas, de acordo com sua força, juntava os pedaços e levava para frente do portão onde montávamos a fogueira. Dona Izabel era tão fiel a essa tradição que tinha até “afilhados de São João” (como ela dizia). Nunca presenciei o tal ritual para estabelecer o laço afetivo, mas contam que o padrinho e afilhado pulavam a fogueira, de mãos dadas, e repetiam, por três vezes, a frase: “São João disse/ São Pedro confirmou/ Eu sou seu padrinho/ Que São João mandou”. E a partir desse dia o vínculo era estabelecido e levado a sério. Cansei de ouvi-la dizer: “Fulano é meu afilhado de São João”. Que saudade! Quantas memórias!
Alceu Valença resume o ritual das festas juninas em uma frase, quando diz: “Festa boa, viva São João. Tanta coisa pra fazer. Tanta coisa pra arrumar. Tem canjica pra mexer. Tem o coco pra ralar. Vamos ralar o coco, vamos mexer a canjica. Rala o coco…Mexe a canjica…E depois de tudo pronto, vamos agora dançar. Está tudo preparado. Cada um pega seu par”.
Então, o que vale mesmo é o espírito junino de diversão e alegria, algo bem característico dessas festas, especialmente pela diversidade de cores, sabores e criatividade que temos por todos os lados. Por isso, prepare seu traje, resgate sua sagacidade junina, crie memórias e aproveite as festas com tudo que você tem direito!
Até a próxima!
Wantuyr Tartari