História de vida de "Azulão"
Por EC Fluvial Tibiriçá, página do facebook.
Conheça um pouco da vida dele, registrada pelo historiador Benedito de Godoy Moroni no livro “PRESIDENTE EPITÁCIO - 100 Anos da Fundação da Cidade”, páginas 239 a 241.
Rafael Silva, “Azulão”, nasceu em Tanhaçu-BA, 10 de novembro de 1933. Até os 12 anos trabalhou em sua cidade natal, depois se mudou para a região prudentina, ficando hora em Presidente Prudente, hora em Pirapozinho. Começou a jogar futebol em Pirapozinho e aos 19 anos já jogava futebol na Prudentina, sempre como lateral direito ou volante, fazendo questão de afirmar que “não dava moleza a ninguém”. Jogou ainda em times do Paraná como o Santa Inês de Paranavai e União Cascavel da cidade de mesmo nome.
Em 1969 estabelece-se em Presidente Epitácio, trabalhando no frigorífico. Passou a jogar, também em times de Bataguassu como o “36” da Reta V, Espinafre da Reta I, Matinha e Porto XV.
Desde então começou a perceber que as crianças precisavam de alguém que as orientasse no futebol. Assim principiou a ensinar algumas crianças. Azulão resolveu aperfeiçoar-se e fez curso de técnico em São Paulo, além de curso sobre como lidar com crianças.
Seu trabalho como “professor” de escolinhas começou para valer em 1980 na época do prefeito Élio Gomes e perdura até hoje. Inicialmente era ensinado futebol à garotada em um campinho na vila Gerônimo, passando para a vila Tibiriçá. Devido a este local ficar difícil para os alunos chegarem, mudou-se para onde atualmente é a Praça da Criança. Com a construção desta praça, Azulão tem que se mudar para um terreno da vila Palmira, onde até hoje treina seus alunos.
Silva já conduziu as crianças em jogos na Argentina, Chile e Bolívia. Hoje, devido a seu estado de saúde, está dirigindo apenas 35 crianças. Mas essas crianças têm toda sua atenção e carinho, não pagando nada para aprenderem na escolinha do Azulão. Não tinha ajuda oficial e inicialmente eram os amigos uma vez ou outra que contribuíam para cobrir as despesas como lavagem de uniformes e compra de material esportivo. Entretanto os alunos nada pagavam.
Por elas, durante tempos, Azulão saia pelas ruas de Epitácio catando papelão e papel a fim de conseguir recursos para sua escolinha, posto que seus rendimentos como aposentado, segundo ele relata, mal dão para sua sobrevivência.
Mas o trabalho de Azulão é de formação, tanto que as regras obedecidas e respeitadas por todos os alunos são, conforme noticiou o Correio do Porto de 15 de janeiro de 1999: “não falar palavrão, saber atender os mais velhos e usar com propriedade o bom dia, boa tarde, obrigado e outras palavras que a boa educação exige”.
Pelas mãos de Azulão já passaram meninas que praticaram futebol e craques como Adoilson.
Azulão, sempre que pode, vai ao estádio Pirangueiro para assistir aos jogos.
Casou-se em 1959 com Neusa Silva e tem os filhos Helena, Valdelice, Zélia, Djalma, Maria, Rosa, Rosimara, Cassiano, Erivaldo, Eliana, Cláudia e Lucimara.
Nota da redação: Azulão faleceu em 14 de dezembro de 2016.