Podemos definir “praça” como um espaço público e urbano, local de celebração da convivência e do lazer dos habitantes de uma cidade, onde acontecem ricas trocas culturais, por isso as praças são consideradas uma espécie de “patrimônio cultural”. Afinal, é quase impossível que durante a infância, você não tenha frequentado uma praça. Independente da frequência do hábito de visitar as praças, o fato é que elas são essenciais para a vida em sociedade.
Qualquer um de nós, mesmo que de forma remota tem lembranças da infância em alguma praça, seja por frequentar a igreja que normalmente existe nesses locais, ou quando brincou no coreto, no escorregador, no balanço ou na gangorra, pois esses elementos faziam parte do universo da criança. As praças geralmente são repletas de simbolismos, onde de alguma maneira foram cenários das transformações históricas e sócio-culturais de um povo, é um espaço construído para a comunidade, elas representam pontos de referência de localização, concentração de pessoas, encontros, chegadas e partidas.
Hoje em dia, muita coisa mudou, pois a maioria desses locais estão esquecidos pela população ou dominados por grupos de pessoas que ali fazem abrigo. Lembro com saudosismo das histórias que ouvia de minha avó, mãe e tia, de como era divertido ir para a praça paquerar ou encontrar os amigos. Rememoro das badaladas do sino da igreja localizada na praça principal de Presidente Epitácio/SP, anunciando que a missa iria começar. Era comum ver um aglomerado de pessoas descendo a avenida para participar da celebração religiosa que os sinos divulgavam. O término da missa era de fácil dedução, pois o cheiro da pipoca começava exalar, era o marketing do pipoqueiro anunciando seu produto.
Em outrora, na praça da então única igreja matriz da minha cidade natal, existia um ritual, pois nos anos 70, 80 e início dos anos 90, havia uma televisão pública, para que a população que não possuía esse aparelho, assistisse a programação do dia. Ao término da missa, as pessoas se concentravam em frente ao local onde ficava o aparelho de TV. Lembro muito que aos domingos a noite, os programas mais esperados eram “Os Trapalhões e o Fantástico”. Enquanto uns assistiam televisão ao ar livre, outros circulavam pela praça flertando, conversando com conhecidos ou apenas admirando o movimento das famílias felizes durante o passeio semanal.
Uma praça bem cuidada, arborizada, com espaços de convivência e recreação, incentiva a socialização dos moradores e serve como palco de movimentos culturais. Além de trazer vida ao local, pode ser uma excelente ferramenta e exemplo de gestão eficiente e que se preocupa em tornar a cidade mais atrativa e segura para os moradores e visitantes.
As praças públicas ajudam na qualidade de vida da população. Seus espaços promovem convívio social e momentos de entretenimento. Praça é memória, praça é lazer, é aconchego, é socialização. Mas para que esses importantes papéis sejam exercidos, são necessárias ações do poder público em parceria com a população e iniciativa privada para tornar o local cada vez mais atrativo e habitável.
Espero realmente que em breve, possamos ter de volta o orgulho e a vontade de passear nas praças, e reproduzir o pensamento de Amara Antara quando disse: “Vou passear na praça, lá a alegria contagia a todos que passam”.
Até a próxima!
Wantuyr Tartari