Dia 26 de julho é comemorado o dia dos avós, pessoas essas que geralmente de tão especiais parecem anjos. Convivi por 32 anos com minha avó materna, porém, conheci todos os quatro avós e uma bisavó, então, creio que tenho propriedade para fazer essa afirmação.
Tenho as primeiras memórias afetivas com minha avó Izabel a partir dos meus quatro anos de idade. Foi quando conheci um coração tão grande, mas tão grande, que faz jus aquela história de coração fora do peito.
Minha avó perdeu a mãe muito cedo, em seguida o pai e posteriormente os irmãos foram divididos para serem criados por outros membros da família. No caso dela e do único irmão homem, foram criados pelos padrinhos. Tempos depois, casou com meu avô e teve catorze filhos naturais e um do coração. Ai começou sua trajetória para o posto de avó!
A imagem de minha avó remetia a imagem que muitos criaram com a personagem dona Benta do Sítio do Picapau amarelo (literatura criada por Monteiro Lobato). Normalmente estava com lenço ou coque, sempre cuidando dos afazeres da casa. Lembro muito dela próxima ao fogão a lenha fazendo guloseimas que marcaram minha infância, tais como, doces de leite ou mamão, bolinho de chuva, feijão, arroz ou bisteca frita na chapa. Ela cozinhava com muito amor e quando percebia que não tinha o suficiente para todos, as vezes deixava de comer para que não faltasse para um neto. Essa situação foi tão recorrente que uma vez desmaiou de fraqueza por pensar primeiro no próximo.
Quantos causos, risos, lágrimas e momentos afetuosos vivemos juntos. Apesar do pouco estudo, ou quase nada, me ensinou tanto, que escola nenhuma conseguiria transmitir os valores que aprendi com ela. Generosidade, perdão, humildade e doçura eram as suas marcas registradas.
A troca de experiências entre avós e netos é ponto positivo no elo de ambos. Os avós ajudam a reviver as memórias da família e transmiti-la por diversas descendências. Com isso, eles também se sentem mais valorizados e com um papel social relevante. Portanto, ter os avós por perto é uma troca enriquecedora, onde os avós transmitem fatos importantes da história da família e constroem memorias que atravessam gerações.
Lembro das noites frias quando minha avó acordava para me cobrir ou arrumar as cobertas. Recordo como se fosse hoje dos inúmeros conselhos sobre perdoar quem nos magoasse e respeitar os mais velhos. Até hoje sinto o cheiro dela, tenho a impressão de ouvir a sua voz quando a chamo em silêncio ou ainda sentir o seu toque. É, relação de avós e netos são realmente algo inexplicável!
Certa vez, li que crianças que têm relacionamentos fortes com os avós são mais bondosas, generosas e com menores taxas de ansiedade e depressão no futuro. Talvez, essa seja a explicação da facilidade de reconhecerem com assertividade quando alguém foi criado com os avós, os chamados “filhos de vó”.
Essas são algumas lembranças afetuosas que guardo da avó incrível que tive. Cada filho, cada neto, cada familiar com certeza terão as suas. Compartilho as minhas, para dizer o quanto foi importante e bom construir essas memórias afetivas.
Avós são seres marcantes, que se doam para nós, sem nada exigir. Que minha avó Izabel e todos os outros estejam bem do outro lado da vida e que toda criança, adolescente e jovem possam ter avós maravilhosos como eu tive. Afinal, como disse Denise Campos, “Os melhores sentimentos, as doces memórias e as maiores alegrias são construídos ao lado da avó”.
Até a próxima!
Wantuyr Tartari